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Tratamento multidisciplinar do excesso de peso: entenda a importância de cada profissional

Obesidade não tem nada a ver com desleixo ou falta de força de vontade de emagrecer. Trata-se de uma doença multifatorial, ou seja, ela pode ter várias causas que, muitas vezes, estão combinadas – como genética, questões hormonais, problemas psicológicos, além de fatores sociais e ambientais1.

Publicado em: 24 de fevereiro

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Obesidade não tem nada a ver com desleixo ou falta de força de vontade de emagrecer. Trata-se de uma doença multifatorial, ou seja, ela pode ter várias causas que, muitas vezes, estão combinadas – como genética, questões hormonais, problemas psicológicos, além de fatores sociais e ambientais¹.

Ou seja, são muitas variáveis para que a pessoa consiga identificar, sozinha, seus gatilhos individuais do excesso de peso e ainda estabeleça uma estratégia efetiva para o tratamento. E, mesmo que ela seja bem-sucedida em um primeiro momento, ainda há o desafio de manter o resultado conquistado. É por todas essas razões que a forma mais eficaz de tratamento envolve ajuda médica e orientação de profissionais de outras áreas, como psicologia, nutrição e educação física².

Uma equipe multidisciplinar irá auxiliar a estabelecer metas realistas e acompanhar a pessoa durante toda a jornada da perda de peso. O intuito é que ela não recupere a gordura eliminada e mantenha um estilo de vida saudável para a vida toda. Saiba mais sobre o papel de cada um destes profissionais:

Médico/a

A função do médico é diagnosticar a obesidade, classificá-la, avaliar as doenças associadas por meio de exames físico e complementares (exames de sangue e de imagem, por exemplo) e prescrever, quando necessário, o tratamento adequado.

O primeiro passo é conhecer a pessoa com excesso de peso, identificar seus hábitos e levantar seu histórico de saúde familiar. Durante a consulta, será feita uma avaliação clínica geral, que costuma incluir o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) e a medida da circunferência abdominal³-⁴.

A circunferência do pescoço também pode ser medida para avaliar se existe um maior risco de desenvolver doenças como hipertensão, diabetes tipo 2 ou apneia do sono, aquele distúrbio que faz com que a respiração pare e retorne algumas vezes enquanto a pessoa está dormindo, gerando sobrecarga ao organismo³-⁴.

Alguns exames laboratoriais costumam ser solicitados, como os de sangue, incluindo colesterol, triglicérides, glicemia, funcionamento da tireoide, gordura do fígado, entre outros.

A ultrassonografia abdominal e a polissonografia (exame que avalia a qualidade do sono) também podem fazer parte da investigação, assim como o exame de composição corporal, chamado bioimpedância, que calcula a porcentagem de gordura, massa magra, água, densidade óssea, entre outros³-⁴.

Após o resultado dos exames, o médico irá indicar o tratamento mais adequado, que pode incluir uso de medicamentos, encaminhamento para nutricionista, profissionais de educação física e psicologia, e, em alguns casos, cirurgia.

Nutricionista

Independentemente das causas da obesidade e do tratamento médico prescrito, perder o excesso de peso sempre vai envolver mudança de hábitos. A alimentação é um deles. Longe de dietas da moda ou muito restritivas, o que o/a nutricionista irá fazer é ensinar a pessoa a fazer boas escolhas alimentares que promovam melhora da saúde.

O tratamento com nutricionista tem como objetivo promover uma reeducação alimentar. Isso envolve compreender o papel de cada nutriente, saber como elaborar um prato saudável e entender por que certos alimentos devem ser consumidos esporadicamente, como doces, fast-food e ultraprocessados (refrigerantes, biscoitos recheados, macarrão instantâneo, entre outros exemplos) ⁵-⁶-⁷.

Tudo começa com uma avaliação, em que serão verificados o IMC, circunferência abdominal e, quando possível, composição corporal. Após essa etapa, e levando em consideração preferências alimentares, aspectos financeiros e estilo de vida, poderá ser proposto um plano alimentar individualizado e adequado às necessidades nutricionais de cada pessoa⁵-⁶-⁷.

Psiquiatra e/ou Psicólogo/a

O excesso de peso também pode estar relacionado a questões emocionais. Ansiedade, estresse, depressão e outros sentimentos negativos geram uma queda no nível de substâncias que atuam no cérebro, promovendo a sensação de bem-estar. Assim, a comida acaba sendo usada para aliviar esses sentimentos, o que pode gerar vícios e compulsão alimentar⁸.

Pessoas com obesidade também sofrem com preconceitos e são discriminadas. Por isso, é importante que o acompanhamento psicológico faça parte do tratamento⁹.

atendimento pode ser realizado por médico psiquiatra e/ou psicólogo, cujo papel é identificar condições emocionais negativas e ajudar no gerenciamento delas. O tratamento também auxilia a pessoa com obesidade a lidar com as mudanças de comportamento que serão necessárias para a perda de peso e com as expectativas que surgem durante esse processo⁹.

Profissional de educação física

exercício físico pode fazer parte do tratamento da obesidade. Realizado regularmente, diminui o risco de desenvolver condições associadas ao excesso de peso, como hipertensão, doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2 ¹⁰-¹¹-¹².

Os exercícios também têm um papel importante para a saúde emocional de quem está na jornada da perda de peso, ajudando no controle da depressão e da ansiedade¹⁰-¹¹-¹².

A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) recomenda que se faça, semanalmente, pelo menos 150 minutos de exercícios de intensidade moderada ou 75 minutos de intensidade vigorosa, combinando atividades aeróbicas (caminhada, natação, ciclismo e outros) e de força muscular (musculação e treino funcional, por exemplo)¹⁰-¹¹-¹².

Como nem sempre é fácil seguir uma rotina de exercícios, contar com uma pessoa especialista na área de educação física pode ajudar. Ela irá desenvolver um programa personalizado de exercícios com foco em garantir saúde e qualidade de vida.

Quando o programa de exercícios é individualizado, com base nas atividades que a pessoa mais gosta de praticar, a probabilidade de desistência diminui muito. O objetivo é criar um hábito que se mantenha para o resto da vida ¹⁰-¹¹-¹².

Caso ainda não tenha um médico ou profissional de saúde de sua confiança, você pode acessar este link e encontrar os mais próximos de você.

Saiba mais:

O IMC como ferramenta para o diagnóstico da obesidade

Obesidade é uma doença e requer tratamento especializado

Nutricionista vs Coach de emagrecimento

Qual o papel da terapia no tratamento da obesidade

5 opções de atividades físicas além da tradicional

Referências:
1.
 Lin X, Li H. Obesity: epidemiology, pathophysiology, and therapeutics. Front Endocrinol. 2021 Sep 6; 12:706978. 2. Mendes AA, Ieker ASD et al. Multidisciplinary programs for obesity treatment in Brazil: A systematic review. Rev Nutr. 2016 Nov-Dec; 29(6):867-884. 3. Blocker WP Jr, Ostermann HJ. Obesity: evaluation and treatment. Dis Mon. 1996 Dec;42(12):829-73. 4. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso). Diretrizes Brasileiras de Obesidade 2016. Disponível em https://abeso.org.br/wp-content/uploads/2019/12/Diretrizes-Download-Diretrizes-Brasileiras-de-Obesidade-2016.pdf. Acesso em maio de 2023. 5. Araújo AM, Silva THM et al. A importância do acompanhamento nutricional de pacientes candidatos à cirurgia bariátrica. Com Ciências Saúde. 2010;21(2):139- 150 6. Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Hospital de Clínicas. Terapia nutricional para pacientes com obesidade. Disponível em https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-sudeste/hcuftm/documentos/protocolos-assistenciais/terapia_nutricional_obesidade-final.pdf. Acesso em maio de 2023. 7. Bueno JM, Leal FS et al. Educação alimentar na obesidade: adesão e resultados antropométricos. Rev Nutr. 2011 Jul-Aug; 24(4):575-584. 8. Lazarevich I, Camacho MEI et al. Relationship among obesity, depression, and emotional eating in young adults. Appetite. 2016 Dec 1;107:639-644. 9. Vasques F, Martins FC et al. Aspectos psiquiátricos do tratamento da obesidade. Rev Psiq Clin. 2004;31 (4); 195-198. 10. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso). Guia prático – exercício físico e obesidade. Disponível em https://abeso.org.br/wp-content/uploads/2021/08/GuiaAtividadeV4-CapaB.pdf. Acesso em maio de 2023. 11. Fonseca-Junior SJ, Sá CGAB et at. Exercício físico e obesidade mórbida: uma revisão sistemática. Arq Bras Cir Dig 2013;26(1):67-73. 12. Petridou A, Siopi A et al. Exercise in the management of obesity. Metabolism. 2019 Mar;92:163-169.

BR23OB00071 – Julho/2023

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