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Crescimento da obesidade no Brasil: Mais da metade da população está acima do peso

O Brasil está entre os países com os maiores índices de obesidade no mundo. Aqui, de acordo com a pesquisa Vigitel 2021 - do Ministério da Saúde - uma em cada cinco pessoas (22,4%) tem a doença e mais da metade da população (57,2%) está acima do peso.

Publicado em: 24 de fevereiro

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O Brasil está entre os países com os maiores índices de obesidade no mundo. Aqui, de acordo com a pesquisa Vigitel 2021 - do Ministério da Saúde - uma em cada cinco pessoas (22,4%) tem a doença e mais da metade da população (57,2%) está acima do peso. O estudo aponta que esse percentual deve continuar a crescer, o que é preocupante, uma vez que a obesidade é fator de risco para outras condições crônicas, como doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer.

Pesquisas recentes revelam o crescimento da obesidade no Brasil

A obesidade, doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, em quantidade que determine prejuízo à saúde. Esse acúmulo de gordura gera um importante processo inflamatório no organismo, levando a inúmeras complicações. É considerada um grave problema de saúde pública.

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Em 2030, mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo terão algum grau de obesidade, de acordo com a Federação Mundial de Obesidade. Se a projeção se confirmar, o Brasil terá 68% da população com sobrepeso e 26% com obesidade, ocupando a quarta colocação entre os países com maior número absoluto de pessoas com algum grau de obesidade, atrás somente dos Estados Unidos, da China e da Índia.

  • Atualmente, o Brasil está entre os 11 países onde metade das mulheres possui obesidade e entre os nove em que metade dos homens tem a doença.

O que explica o contínuo crescimento da obesidade no Brasil?

A obesidade no Brasil tem níveis muitos altos desde as décadas de 1980 e 1990, mas houve uma explosão de casos nos últimos anos. Esse fenômeno pode ser explicado pelo crescimento, principalmente, pelos seguintes fatores:

Mudança nos hábitos alimentares - um dos principais aspectos que impulsionaram o crescimento da obesidade no Brasil e no mundo é a dieta inadequada, seja pela falta de tempo de preparar refeições saudáveis, falta de acesso à educação alimentar ou dinheiro. Há um consumo elevado de alimentos ultraprocessados, cujas vendas vêm se expandindo intensamente desde a década de 1990. Trata-se de produtos industrializados que passam por uma série de processos antes de ficarem prontos para consumo e, em geral, contêm quantidade elevada de calorias, gordura, açúcar, sal e ingredientes artificiais.

  • São exemplos de alimentos ultraprocessados: biscoitos, salgadinhos, balas, refrigerantes, sucos artificiais, achocolatados, macarrão instantâneo, comida pronta ou semipronta congelada.

Sedentarismo (diminuição ou ausência de atividade física) – a urbanização e a tecnologia contribuem para o sedentarismo e consequente aumento da obesidade. As pessoas andam cada vez menos, utilizam eletrodomésticos para realizar atividades que antes eram manuais e ficam cada vez mais diante das telas, como TV e celular.

  • Quase metade dos adultos brasileiros (48,2%) não realizam uma quantidade suficiente de atividade física, ou seja, pelo menos 150 minutos semanais de atividades de intensidade moderada ou pelo menos 75 minutos semanais de atividades de intensidade vigorosa.

Pandemia de Covid-19 - de maneira mais recente, a pandemia do novo coronavírus acelerou o crescimento da obesidade no Brasil, uma vez que o período de confinamento limitou a prática de exercícios físicos e levou ao surgimento ou agravamento de quadros de ansiedade, muitas vezes minimizados com o consumo de maior quantidade de alimentos calóricos.

Genética - diversos estudos demonstram de forma evidente a participação do componente genético na incidência da obesidade. Estima-se que entre 40% e 70% da variação do fenótipo associado à obesidade tem um caráter hereditário. A influência genética como causa de obesidade pode manifestar-se através de alterações no apetite ou no gasto energético basal.

Como a obesidade é diagnosticada?

O índice de massa corporal (IMC) é a ferramenta mais simples e conhecida para determinar o grau de obesidade ou sobrepeso de um indivíduo. Ele é obtido pela divisão do peso pelo quadrado da altura. Com o resultado do cálculo, é possível descobrir a classificação do sobrepeso e da obesidade a partir da seguinte tabela de referência:

Sobre Peso IMC entre 25 e 29,9
Obesidade grau 1 Obesidade grau 1
Obesidade grau 2 Obesidade grau 2
Obesidade grau 3 Obesidade grau 3

 

Como controlar a obesidade?

As mudanças de estilo de vida, que incluem a adoção de uma alimentação saudável e a prática de atividade física, são essenciais tanto para a prevenção quanto para o tratamento da obesidade. Nesse sentido, os hábitos que são aliados no combate ao excesso de peso incluem:

Hábitos balanceados de alimentação:

  • Priorizar o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados, incluindo uma variedade de frutas, legumes, verduras e alimentos integrais;
  • Evitar o excesso de fritura, gordura, carboidrato e açúcar, bem como alimentos industrializados e fast food;
  • Fazer de cinco a seis refeições por dia, com intervalo de três horas entre elas;
  • Evitar comer em frente à TV ou mexendo no celular ou computador;
  • Não fazer compras de alimentos no supermercado quando estiver com fome, para evitar a compra por impulso de alimentos mais calóricos.

Atividade Física

  • Procurar praticar 150 minutos de exercícios físicos de intensidade moderada por semana;
  • Tente fazer caminhadas em percursos curtos, onde você normalmente usaria o carro;
  • Busque trocar o elevador pela escada, caso more em prédio; 
  • Crie o hábito de dar caminhadas ao redor do quarteirão ou pelo bairro;
  • Conte com o apoio de amigos ou familiares para iniciar uma nova modalidade de atividade física, ou fazer caminhadas e jogos ao ar livre, para incentivá-lo.
  • Não inicie nenhuma atividade física antes de se consultar com um médico.

Sono de Qualidade

  • Procure dormir apenas o tempo necessário para se sentir bem (o ideal é em torno de oito horas por dia);
  • Crie uma rotina de dormir e acordar no mesmo horário, mesmo aos finais de semana ou se não dormiu muito bem na noite anterior. Essa medida ajuda a regular o ciclo do sono;
  • Evite fazer exercícios até quatro horas antes de dormir;
  • Não consuma bebidas ou alimentos com cafeína após às 18h;
  • Evite fazer atividades estimulantes antes de dormir, como usar o computador, jogar videogame, assistir a filmes de ação;
  • Um banho quente antes de dormir, acompanhado de algum exercício de respiração, podem ajudar a induzir o sono;
  • Evite locais barulhentos para pegar no sono. Caso more em local movimentado, use protetores auriculares.

Importante – o tratamento da obesidade dever ser feito com o acompanhamento de um profissional de saúde, como médico, nutricionista e/ou educador físico. Antes de iniciar dietas e atividades físicas, é importante fazer uma avaliação personalizada, pois somente um profissional qualificado será capaz de analisar o histórico e definir o melhor caminho para a perda de peso. Pode ser que você receba a indicação de uso de medicamentos ou até de cirurgia. Consulte um profissional de saúde para saber qual é a melhor opção para sua necessidade.

 

Referências:
1. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica – Abeso. Mapa da Obesidade. Disponível em: https://abeso.org.br/obesidade-e-sindrome-metabolica/mapa-da-obesidade/. Acesso em 16/06/22. 2. Ministério da Saúde. Todo mundo precisa agir: entenda por que a obesidade não é uma questão individual. Março de 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-ter-peso-saudavel/noticias/2022/todo-mundo-precisa-agir-entenda-por-que-a-obesidade-nao-e-uma-questao-individual. Acesso em 16/06/22. 3. Moliterno D. Maior sedentarismo e piora na alimentação aumentam índice de obesidade no Brasil. Jornal da USP. Junho de 2020. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/obesidade-cresce-72-no-brasil/. Acesso em 16/06/22. 4. Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública do mundo. Outubro de 2022. Disponível em: https://centrodeobesidadeediabetes.org.br/noticias/obesidade-e-um-dos-maiores-problemas-de-saude-publica-do-mundo/. Acesso em 16/06/22. 5. Portal Hospitais Brasil. Estudos revelam que pandemia acelerou aumento de crianças com obesidade. Janeiro de 2022. Disponível em: https://portalhospitaisbrasil.com.br/estudos-revelam-que-pandemia-acelerou-aumento-de-criancas-com-obesidade/. Acesso em 16/06/22. 6. Vargas T. Obesidade: pandemia de Covid-19 traz aumento nas taxas no Brasil e no mundo. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Março de 2022. Disponível em: https://informe.ensp.fiocruz.br/noticias/52812. Acesso em 16/06/22. 7. Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Um bilhão de pessoas viverão com obesidade no mundo em 2030. Maio de 2022. Disponível em: https://centrodeobesidadeediabetes.org.br/noticias/um-bilhao-de-pessoas-viverao-com-obesidade-no-mundo-em-2030/. Acesso em 18/06/22. 8. Louzada MA, Steele EM, Rezende LFM. Changes in Obesity Prevalence Attributable to Ultra-Processed Food Consumption in Brazil Between 2002 and 2009. International Journal of Public Health. Disponível em: https://www.ssph-journal.org/articles/10.3389/ijph.2022.1604103/full. Acesso em 18/06/22. 9. Ministério da Saúde. Plataforma integrada de vigilância em saúde. Disponível em: http://plataforma.saude.gov.br/vigitel/. Acesso em 18/06/22. 19. Causes of Obesity. Centers for Disease Control and Prevention - CDC. Disponível em: https://www.cdc.gov/obesity/basics/causes.html Acesso em 18/06/22. 11. Marques-Lopes I, Marti A, Moreno-Aliaga MJ, et al. Aspectos genéticos da obesidade. Rev. Nutr. 2004 Sep;17(3):327-38 12. Obesidade, inflamação e complicações Francisqueli, F V; Nascimento, A F; Corrêa, CR. Nutrire Rev. Soc, Bras. Aliment. Nutr: 40(1): 81-89, abr. 2015 13. Universidade Federal de Santa Maria. Passos para higiene do sono. Disponível em: https://coral.ufsm.br/docsie/acolhimento/Higiene_do_sono.pdf Acesso em 15/07/2022

BR22OB00089- Ago./2022

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