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Covid 19 e obesidade: uma relação perigosa que ainda precisa de atenção

4 min. read

 

No mundo inteiro, ao longo de 3 anos, o mantra repetido por médicos e órgãos de saúde era muito claro: “Fique em Casa!”. Quem viveu a pandemia da Covid 19, sabe como esse período foi emocionalmente e fisicamente desafiador.  E ao mesmo tempo em que a melhor forma de combater o Coronavírus era evitar o contato social, foi justamente isso que aumentou o IMC (Índice de Massa Corporal) da população brasileira.¹

Publicado em: 27 de Junho

Covid 19 e obesidade: uma relação perigosa que ainda precisa de atenção

 

O motivo é simples de entender: a saúde do ser-humano é sustentada pelo equilíbrio entre ingestão de alimentos, gasto de energia, sono de qualidade, saúde mental e resiliência (capacidade de superar as adversidades).² Infelizmente, as circunstâncias que envolveram a pandemia abalaram esse equilíbrio de forma brutal! Seja pela perda de entes queridos, perda de empregos, medo do futuro ou isolamento social, sentimentos de ansiedade e depressão aumentaram a busca por conforto no consumo de álcool, além de alimentos mais gordurosos e açucarados, do tipo “Comfort Food”.³

Juntando todos esses fatores ao aumento do sedentarismo nesse período, qual foi o resultado? De acordo com dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), entre 2020 e 2021 o peso da população brasileira aumentou em todas as faixas etárias.⁵

 

Entenda por que a obesidade agrava os sintomas da Covid 19

Diversos estudos mostram que a obesidade foi, e ainda é, um fator de risco significativo para agravar os sintomas da Covid 19. Inclusive, a gravidade da doença foi diretamente associada ao aumento do IMC, por diversos motivos.  Entre eles, estão os seguintes:

  • Pessoas com obesidade desenvolvem maior carga viral (quantidade de vírus presente em uma amostra de sangue); 
  • A resposta imunológica é mais lenta, ou seja, o corpo leva mais tempo para lutar contra o vírus;⁴
  • Em muitos casos de obesidade, a gordura no abdômen prejudica a respiração. Com a ação do vírus nas vias respiratórias, essa dificuldade cresce e torna-se perigosa;⁶
  • O excesso de gordura na laringe pode transformar a intubação em um grande desafio;⁶
  • A obesidade, por si só, já causa um estado de inflamação crônica por todo o corpo. Associada às inflamações causadas pela Covid-19, o quadro pode se agravar severamente;⁶
  • Junto com a Covid 19, os quadros de obesidade aumentam, ainda mais, os riscos de trombose;²
  • Pessoas que vivem com obesidade correm mais riscos de desenvolver a Covid longa.⁷

 

O que é Covid Longa

Mesmo depois da fase aguda (os primeiros 30 dias),  cerca de 10 a 30% dos pacientes acometidos por Covid apresentam sequelas e sintomas persistentes que podem durar algumas semanas ou até meses. Esses quadros são chamados de Covid Longa ou Covid Crônica e são associados a casos mais graves da doença, incluindo aqueles agravados pela obesidade.⁷

Os sintomas da Covid Longa podem surgir de várias formas, mais amenas ou graves, dependendo do paciente. Entre eles estão: fadiga, falta de ar, tosse, diarreia e vômitos, dor torácica, perda do paladar,  taquicardia, dores nas juntas e músculos, febre, perda de cabelo, lesões na pele, assim como sintomas neurológicos e psiquiátricos como o comprometimento cognitivo, dificuldade de concentração, esquecimento, insônia, dores de cabeça, vertigem, ansiedade e depressão, entre outros.

Em casos mais graves, o paciente pode apresentar sangramento na urina e formação de trombos, o que pode levar a uma embolia pulmonar.

 

Referências:

1. VARGAS T. Obesidade: pandemia de Covid‑19 traz aumento nas taxas no Brasil e no mundo. Informe ENSP [Internet]. 4 mar 2022 [cited 23 jun 2025]. Available from: https://informe.ensp.fiocruz.br/noticias/52812
2. Peripato VC, Perez IMP. Agravamentos da obesidade pós pandemia COVID‑19: papel da equipe de enfermagem [Internet]. Revista Saúde e Vida (Unipacto); 2023 [cited 23 Jun 2025]. Available from: https://revista.unipacto.com.br/index.php/rsv/article/view/224/216:contentReference[oaicite:1]{index=1}
3. Ministério da Saúde (Brasil). A pandemia agravou a obesidade nas capitais brasileiras. Como transformar essa realidade [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 4 abr 2022 [cited 23 jun 2025]. Available from: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-ter-peso-saudavel/noticias/2022/a-pandemia-agravou-a-obesidade-nas-capitais-brasileiras-como-transformar-essa-realidade
4. Santos RCF. Como a pandemia de COVID‑19 trouxe à tona a epidemia de obesidade [Internet]. SciELO em Perspectiva – Press Releases; 8 mar 2021 [cited 23 jun 2025]. Available from: https://pressreleases.scielo.org/blog/2021/03/08/como-a-pandemia-de-covid-19-trouxe-a-tona-a-epidemia-de-obesidade/
5. Maidl L, Oliveira JK. A influência da pandemia da COVID‑19 no aumento da obesidade no Brasil e no município de Cascavel – PR [Internet]. São Paulo: Revista Ibero‑Americana de Humanidades, Ciências e Educação (REASE); jun 2024 [cited 23 jun 2025];10(6). Available from: https://periodicorease.pro.br/rease/article/download/14535/7405/31080
6. Silva GM, Pesce GB, Martins DC, Carreira L, Fernandes CAM, Jacques AE. Obesity as an aggravating factor of COVID‑19 in hospitalized adults: an integrative review [Internet]. Acta Paul Enferm. 2021;34:eAPE02321 [cited 23 Jun 2025]. Available from: https://www.scielo.br/j/ape/a/Tc9Yp8h8BZPbJnzhdFsxDKD/
7. Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM). Síndrome da Covid Longa [Internet]. SBCM; 2022 [cited 23 Jun 2025]. Available from: https://www.sbcm.org.br/v2/index.php/notícias/4196-síndrome-da-covid-longa


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