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Qual a relação entre obesidade e câncer de intestino?

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A obesidade está relacionada ao maior risco de desenvolver câncer, entre eles o no intestino, também chamado de câncer colorretal¹. Existem alguns fatores que reforçam essa relação:

Publicado em: 03 de Junho

Qual a relação entre obesidade e câncer de intestino?

 

IMC e obesidade geral

O Índice de Massa Corporal (IMC), medida para obesidade geral, é um fator de risco para o câncer colorretal: pessoas com sobrepeso ou obesidade têm um risco elevado de 18% e 32% a mais, respectivamente, em comparação às que não têm excesso de gordura corporal².

 

Circunferência do abdômen

A distribuição da gordura na região cintura e quadril também pode ser um indicador de maior chances de desenvolver o câncer no intestino, sendo um fator ainda mais forte do que o IMC³. A obesidade central, que reflete o acúmulo de gordura visceral, libera marcadores inflamatórios e adipocinas, o que contribui para a disfunção metabólica e, em alguns casos, o desenvolvimento do câncer.

Ou seja, o IMC é um fator de risco dado como certo para o surgimento de células cancerígenas no intestino, mas a medida na relação cintura-quadril é um indicador ainda mais forte nesse sentido e pode ser a explicação do risco associado à obesidade geral2. Outro apontamento dos estudos é que a associação entre as doenças pode ser ainda mais forte do que estudos anteriores trazem, já que pode acontecer uma perda de peso um pouco antes do diagnóstico de câncer colorretal.

O que a obesidade causa no intestino?⁴

Existem estudos que mostram que o excesso de gordura pode afetar esse órgão de algumas formas que acabam se relacionando e levando a mais problemas:

  • Alteração da microbiota intestinal: chamada disbiose, é o desequilíbrio das bactérias presentes nessa região. Afeta a parede do intestino, comprometendo a mucosa que reveste e protege o órgão. A disbiose também pode resultar na produção de substâncias que favorecem o aparecimento de tumores.
  • Aumento da capacidade de extração de energia: é como se o intestino passasse a extrair mais energia dos alimentos do que é necessário, levando a um acúmulo que se transforma em gordura.
  • Condição de intestino permeável: pense que existe uma barreira que "filtra” toxinas e fragmentos bacterianos que não deveriam estar ali. Neste caso, essa barreira passa a falhar, como se apresentasse vazamentos que podem ser induzidos pela própria dieta que leva à obesidade.
  • Endotoxemia metabólica e inflamação crônica subclínica: quanto a barreira que protege o intestino falha, ativa células do sistema imunológico que passam a liberar substâncias inflamatórias. Esse estado constante de inflamação causa outros problemas metabólicos associados à obesidade, como resistência à insulina e doenças cardiovasculares.

Todas essas situações afetam a digestão e a absorção de nutrientes. No intestino grosso, por exemplo, a alta ingestão de carboidratos pode levar à fermentação excessiva, causando gases, inchaço e desconforto. O excesso de proteína, por sua vez, pode causar um processo de putrefação, gerando mais substâncias indesejáveis no intestino.

 

Como fica a barriga de quem tem câncer no intestino grosso?

Não existe uma indicação do aspecto físico da barriga de quem tem a doença localizada nessa região. A relação está na composição corporal com gordura em excesso e o surgimento da doença.

 

Qual o maior causador de câncer no intestino?

De acordo com a Cartilha de Prevenção do Câncer Colorretal divulgada pelo Ministério da Saúde em parceria com o INCA e Sociedade Brasileira de Coloproctologia, as maiores causas são:

  • Fumar.
  • Consumir bebidas alcoólicas.
  • Estar acima do peso.
  • Comer alimentos com muitas calorias, como biscoitos com ou sem recheios e bebidas açucaradas, como refrigerantes e outras bebidas industrializadas.
  • Consumir alimentos de origem animal, principalmente carnes vermelhas e carnes embutidas, como presuntos, mortadelas, blanquet, salsichas, linguiças.
  • Preparar carnes, de qualquer tipo, na chapa ou na forma de fritura, grelhado ou churrasco.
  • Ter mais de 50 anos.
  • Ter parentes em primeiro grau (pais, irmãos e filhos) com pólipos ou câncer de intestino.
  • Ser portador de retocolite ulcerativa ou doença de Crohn.

 

Referências:

1. Safizadeh F, Mandic M, Schöttker B, Hoffmeister M, Brenner H. Central obesity may account for most of the colorectal cancer risk linked to obesity: evidence from the UK Biobank prospective cohort. Int J Obes (Lond). 2025;49:619–626. doi:10.1038/s41366-024-01680-7
2. Mandic M, Li H, Safizadeh F, Niedermaier T, Hoffmeister M, Brenner H. Is the association of overweight and obesity with colorectal cancer underestimated? An umbrella review of systematic reviews and meta-analyses. Eur J Epidemiol. 2023 Feb;38(2):135–44. doi: 10.1007/s10654-022-00954-6. Erratum in: Eur J Epidemiol. 2024 Feb;39(2):231. doi: 10.1007/s10654-023-01092-3
3. Safizadeh F, Mandic M, Schöttker B, Hoffmeister M, Brenner H. Central obesity may account for most of the colorectal cancer risk linked to obesity: evidence from the UK Biobank prospective cohort. Int J Obes (Lond). 2025;49:619–26. doi:10.1038/s41366-024-01680-7
4. Schmidt L, Soder TF, Deon RG, Benetti F. Obesidade e sua relação com a microbiota intestinal. Rev Interdiscip Estud Saúde (RIES). 2017;6(2):29–43


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