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Apesar de ser uma doença crônica, a obesidade ainda é vista com preconceito e pode tornar as pessoas suscetíveis à discriminação no mercado de trabalho. Uma pesquisa realizada com 31 mil executivos no Brasil, publicada em 2007, revelou que 65% dos presidentes e diretores de empresas têm alguma restrição na hora de contratar pessoas com excesso de peso¹.

Outro levantamento mais recente, publicado em 2022, apontou que, quanto maior o grau de obesidade, mais difícil é conseguir um emprego: 29,2% dos entrevistados afirmam ter dificuldades de acessar o mercado de trabalho. Essa pesquisa também mostrou que 50,1% dos brasileiros precisam lidar com comportamentos inconvenientes de colegas de trabalho sobre o assunto excesso de peso².

A remuneração também é uma questão que afeta as pessoas com obesidade, que recebem um salário menor do que o destinado a pessoas que não têm a condição. Segundo cálculos de pesquisadores, cada ponto a mais no IMC (Índice de Massa Corporal) significa que um gerente, por exemplo, ganha cerca de R$ 100 a menos por mês¹-³.

Dificuldades de encontrar emprego e salários mais baixos não são os únicos problemas. Uma vez colocadas no mercado de trabalho, as pessoas com obesidade também sofrem com comentários pejorativos de colegas e com o ambiente que não é inclusivo: 50,4% lidam com a falta de cadeiras e mobiliários adequados; 41% apontam cabines de banheiro estreitas nos escritórios; e 22,9% conviveram com gestores que sugeriram perda de peso2. Situações como essa podem diminuir a autoestima e afetar o desempenho de quem tem obesidade.

Segundo dados de uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) e pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBEM), 85,3% das pessoas com obesidade no Brasil já passaram por situações como as descritas anteriormente⁴. 

Vale ressaltar que a Constituição Brasileira proíbe qualquer tipo de discriminação, o que inclui episódios relacionados ao peso. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) também proíbe o assédio moral e outras formas de abuso no ambiente de trabalho⁵-⁶.

 

Saúde mental

 

São muitas as dificuldades enfrentadas por pessoas com excesso de peso quando se diz respeito ao mercado de trabalho. Para a Abeso, as empresas tendem a vê-las como menos capazes, com menos força de vontade, mais preguiçosas e com um rendimento menor³.

Entretanto, crenças como essas não são verdadeiras, já que a obesidade é uma doença que ninguém escolhe ter, e ainda podem trazer consequências muito negativas. O preconceito dificulta o acesso de pessoas com excesso de peso a tratamentos adequados, afeta suas relações sociais e a saúde mental⁷.

Pesquisas apontam que pessoas com obesidade têm 32% mais risco de desenvolver depressão em relação àquelas que não possuem a condição e isso pode estar relacionado ao preconceito que existe com a doença. O estigma da obesidade também tem um forte efeito na insatisfação com a imagem corporal, na qualidade de vida, na ocorrência de transtornos alimentares e na gravidade dos sintomas de depressão ou ansiedade8.

Os resultados da pesquisa de 2022 não deixam dúvidas sobre os impactos negativos: 82,9% dos entrevistados têm sintomas de ansiedade; 54,2%, de depressão; e 60% sofrem de transtornos alimentares².

Por isso é tão importante que as empresas e instituições promovam ações visando a diversidade, inclusão e redução de desigualdades no ambiente de trabalho, além de incentivar a prática de hábitos saudáveis entre seus colaboradores⁹.

 

Você não está sozinho

 

Ao mesmo tempo em que é importante combater a discriminação no ambiente de trabalho, é essencial entender que a obesidade é uma doença metabólica crônica e multifatorial. Isso significa que ela pode ter várias causas que, muitas vezes, estão combinadas (como genética, questões hormonais, problemas psicológicos, alterações de sono, hábitos alimentares e sedentarismo, além de fatores sociais e ambientais)¹⁰.

Por isso, a jornada de perda de peso requer suporte profissional. Bons resultados podem ser atingidos de forma mais efetiva quando o tratamento é multidisciplinar, ou seja, quando envolve uma combinação de profissionais de diferentes áreas, como médico, psicólogo, nutricionista e educador físico¹². Leia mais aqui sobre os diversos fatores que afetam o peso, bem como o que pode ser feito para controlar a obesidade e atingir seus objetivos de saúde¹¹.

 

Saiba mais:

Referências:
1-Paiva ES. Obesidade x mercado de trabalho: uma relação delicada. Hig. Alimente. 2007;21(148):17-18. 2-Rezende T. “Mapeamento da Gordofobia no Brasil” [publicação online]; 2022. Disponível em https://sinapse.gife.org.br/download/mapeamento-da-gordofobia-no-brasil . Acesso em abril de 2024. 3- Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso). Mercado de Trabalho Discrimina Pessoas com Obesidade. Disponível em https://abeso.org.br/mercado-de-trabalho-discrimina-pessoas-com-obesidade/ . Acesso em abril de 2024. 4- Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso). No Brasil, 85% das pessoas obesas já sofreram gordofobia. Disponível em https://abeso.org.br/no-brasil-85-das-pessoas-obesas-ja-sofreram-gordofobia/ . Acesso em abril de 2024. 5-Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm . Acesso em abril de 2024. 6-Brasil. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm . Acesso em abril de 2024. 7-Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBEM). Gordofobia e estigma da obesidade precisam ser combatidos com informação. Disponível em https://www.sbcbm.org.br/gordofobia-e-estigma-da-obesidade-precisam-ser-combatidos-com-informacao/. Acesso em abril de 2024. 8-Westbury S, Oyebode O et al. Obesity Stigma: Causes, Consequences, and Potential Solutions. Curr Obes Rep. 2023 Mar;12(1):10-23. 9-Fundacentro, Governo Federal. Discriminação e preconceito no ambiente de trabalho podem impactar na saúde mental dos profissionais afetados. Disponível em https://www.gov.br/fundacentro/pt-br/comunicacao/noticias/noticias/2023/junho/discriminacao-e-preconceito-no-ambiente-de-trabalho-podem-impactar-na-saude-mental-dos-profissionais-afetados . Acesso em abril de 2024. 10-Lin X, Li H. Obesity: epidemiology, pathophysiology, and therapeutics. Front Endocrinol. 2021 Sep 6; 12:706978. 11-Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso). Diretrizes Brasileiras de Obesidade 2016. Disponível em https://abeso.org.br/wp-content/uploads/2019/12/Diretrizes-Download-Diretrizes-Brasileiras-de-Obesidade-2016.pdf . Acesso em março de 2024. 12-Mendes AA, Ieker ASD et al. Multidisciplinary programs for obesity treatment in Brazil: A systematic review. Rev. Nutr. 2016 Nov-Dec; 29(6):867-884.

 

 

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BR24OB00118 - Maio/2024 - Material destinado ao público em geral.

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